Para manter vivo o pujante setor criativo da cultura, que emprega milhares e encanta milhões de brasileiros, surge uma ferramenta legal e de fácil acesso

Plataforma virtual de captação de recursos por meio da qual cidadãs e cidadãos podem destinar parte do imposto devido ao “leão” para financiar projetos culturais de todos os tamanhos

Poucos sabem que é possível contribuir com até 6% do valor devido de Imposto de Renda para iniciativas culturais. E mesmo estes desconhecem como fazê-lo. Para facilitar a utilização deste recurso, produtores e gestores culturais de Brasília lançam a Valeu.art.

Uma plataforma segura, de navegação intuitiva e com instruções simples, cujo objetivo é mostrar o passo a passo para que pessoas físicas ou jurídicas destinem parte de seu Imposto de Renda [devido] ao fazer cultural.

“Estamos dando início a uma transformação no modo de consumir cultura que passa por pertencimento, no qual o respeitável público irá se sentir parte integrante de todo o processo de construção de um evento, programa, produto ou projeto artístico”, apostam os criadores da iniciativa.

A iniciativa será lançada dia 4 de maio de 2021, terça-feira, a partir das 20h, em um evento virtual – ao vivo – através do canal da gestora da plataforma – Abravídeo – em youtube.com/user/abravideo.

O lançamento contará com apresentações [gravadas] de expoentes da cultura nacional e incentivadores da plataforma como a Banda Olodum, de Salvador, o Quinteto Violado, do Recife, e de Brasília a Orquestra Marafreboi e o Grupo Choro Livre.

A cantora e compositora Márcia Tauil, mestre de cerimônia do evento, fará algumas perguntas a Ruy Godinho, um dos idealizadores da plataforma. O bate-papo será intercalado pelas apresentações musicais.

A ideia é antiga, surgiu em 2008, e desde então Ruy Godinho e Elizabete Braga, têm se dedicado a pavimentar caminhos sólidos para a concretização deste sonho, que ganhou fôlego com a participação de Jefferson Oliveira. “A Valeu.art ficou adormecida por um longo período, quando precisamos desviar nossa atenção para projetos mais urgentes”, justificam os parceiros.

Tempo, no entanto, que serviu de maturação com estudos e pesquisas para encontrar a melhor forma e momento oportuno. Foi então, em setembro de 2019, após experiências com plataformas de financiamento colaborativo, que a Valeu.art voltou a ganhar foco dos gestores e passou a contar com a contribuição de outros dois parceiros, os irmãos Bruno e Vitor Soares.

A quarentena imposta pela Pandemia de Covid-19, com o consequente encolhimento das atividades culturais, aliada à inaptidão dos governos federal e distrital em lidar com a crise, deram a eles a certeza de que era a hora de desengavetar o projeto. “Sentimos que este é o momento oportuno e necessário para lançarmos a Valeu.art”, avaliam.

O setor criativo, que corresponde a 2,6% do PIB nacional equivalente a R$ 170 bilhões (dados da Firjan), foi o primeiro a parar, com o fechamento de todos os seus espaços de fruição, e será o último a retornar em sua plenitude. O que levou ao desemprego em massa de profissionais, que estimam-se ser em torno de 5 milhões em todo o Brasil entre diretos e indiretos. Só no DF são mais de 40 mil.

Com isso, estimular realizações culturais e criativas é mais que oportunizar a ampliação da consciência física e mental, atenuar os níveis de estresse emocional e facilitar o autoconhecimento e o pensamento crítico resgatando a autoestima, mas também gerar emprego e renda. E a Valeu.art convida a todos a fazê-lo de maneira colaborativa.

De acordo com BeteRuy e Jefferson as tratativas e conversas com instituições e empresas de produção cultural já estão acontecendo. “Nossa ideia é iniciar firmando parcerias com organizações corporativas a exemplo de sindicatos e associações de trabalhadores, bem como com projetos já consolidados”, avisam.

E comemoram, “fomos muito bem recebidos pelo Sindicato dos Bancários de Brasília, o Clube do Choro de Brasília, a Orquestra Marafreboi e por Blocos Afros de Salvador (BA), dentre outras instituições. A importância de começar por estas grandes organizações é a de “sensibilizarmos um número expressivo de pessoas, que poderão ‘patrocinar’ ações e programas culturais em benefício comum”, comentam.

Das empresas produtoras culturais, uma que é referência nacional e que as conversas estão bastante adiantadas – o Clube do Choro e a adjacente Escola de Choro Raphael Rabello, para o qual “já estamos estudando meios de viabilizar a captação de recursos para a realização de projetos tanto do Clube quanto da Escola”, revelam.

Dois festivais tradicionais do calendário anual de grandes eventos de Brasília, com os quais as negociações estão bastante avançadas, são o Festival Internacional Cena Contemporânea e o Curso Internacional de Verão, da Escola de Música de Brasília. Entre os grupos musicais, também em negociação, estão os longevos Madrigal de Brasília e o Liga Tripa.

Outras produtoras locais demonstraram interesse como as Aruwá Produções, Afá Produções Socioculturais, Encanteria, Agenda Cultural Brasília, Templo Produções, Marafreboi e Rico Choro Produções. De outras regiões vêm a carioca Stanley Consultoria Cultural e a paulista Lenir Boldrin Produção Cultural.

Iniciativas culturais de todo formato, escopo e tamanho são bem-vindas na Valeu.art, a única ressalva é que estejam inscritas na Lei de Incentivo à Cultura da Secretaria Especial da Cultura do Ministério do Turismo. No entanto, as que ainda não estiverem, seus idealizadores podem recorrer à consultoria da Valeu.art para fazê-la.

O diferencial da proposta da Valeu.art em relação às plataformas de financiamento colaborativo, ou crowdfunding, “é que a gente vai dar suporte para criação e execução de campanhas de comunicação para envolver e motivar as pessoas a colaborarem, além, é claro, da contribuição partir do imposto devido ao ‘leão’”, explica Ruy, que detalha “contribuintes podem fazer doações durante o ano inteiro e estas – ao serem declaradas no IR – garantem a restituição.

Na avaliação dos gestores da iniciativa, o potencial da Valeu.art é enorme, “atualmente, apenas cerca de 33 mil pessoas – em todo o Brasil – utilizam a prerrogativa de destinar uma parcela de seu IR para arte e cultura”, comenta Jefferson. O desafio é “fazer nossa campanha chegar às pessoas e motivá-las ao hábito de incentivar projetos artísticos sem gastar nada”, complementa Ruy.

O que a Valeu.art propõe é inédito em Brasília, mas encontra similares em outras regiões do país e nos EUA, onde a participação da população gera recursos superiores aos aportados pelo Estado.

E os gestores da plataforma já fazem planos para se espraiar pelo Brasil, “o que podemos adiantar é que estamos conversando com muita gente de Salvador, Porto Alegre, Rio de Janeiro e São Paulo, que estão abraçando nossa proposta”, revelam. Quanto ao foco, que hoje está no fazer cultural, há planos de envolver projetos nos campos do esporte e meio ambiente.

Valeu.art é gerida pela Abravideo, ONG produtora multimídia com 30 anos de atuação no mercado nacional, concebida por Ruy Godinho e presidida por Elizabete Braga. Conta ainda com Jefferson Oliveira, responsável financeiro e articulador, Bruno Soares e Vitor Soares na tarefa de desenvolvimento da plataforma e uma consultoria especial em LGPD (Lei Geral de Proteção de Dados).

Os canais de comunicação da Valeu.Art na internet:

– Site – valeu.art

– Instagram – www.instagram.com/valeu.art

– Facebook – www.facebook.com/valeu.art

FONTE: Obras de arte